segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A Engenharia Florestal

Com mais de dois séculos de existência no mundo, meia centena de anos instalada no Brasil, a Engenharia Florestal é mágica, é rica, é bela… Mágica por ter atravessado 200 anos, ao longo dos quais solidificou os seus alicerces técnicos e científicos; é rica porque abarca (sem demérito de outras profissões) três ramos das ciências: biológicas, exatas e sociais; é bela por lidar com os elementos da vida: água, ar, alimento, abrigo, diversidade biológica, fauna, saúde humana, luta contra a pobreza…
Não por acaso, os três ‘acordos’ internacionais que tratam de questões globais (diversidade biológica, mudanças climáticas e luta contra a desertificação) têm hoje como tema central as florestas. O Conselho Econômico e Social da Organização das Nações Unidas abriga um Fórum Internacional de Bosques. A Agenda 21, firmada por 170 países na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), realizada no Rio de Janeiro em 1992, estabeleceu um extenso programa para tratar das florestas em âmbito planetário. Um capítulo especial, o de nº. 11, foi dedicado ao combate ao desflorestamento; o Anexo III do documento contempla princípios para o manejo, conservação e desenvolvimento sustentável de florestas. Conceitos técnicos foram ampliados para o âmbito político: programas florestais, manejo florestal, descentralização…
A partir de 1995 esforços passaram a ser empreendidos, pelo conjunto dos países que adotaram o documento, sem força jurídica obrigatória, no sentido de se definir políticas nacionais e subnacionais, consolidadas em programas florestais, que buscam harmonizar interesses e conflitos de natureza transversal, intra e intersetorial. São mais de 130 os países que no presente contam com um programa dessa natureza, em estágios distintos de desenvolvimento: formulação, implementação, monitoramento, avaliação, revisão. O Brasil formulou o seu em 2000 (Decreto nº. 3420, 20.abr.), em processo de implementação desde o seu lançamento, e que agora começa a dar os primeiros passos no sentido da descentralização para os estados.
A despeito de as políticas florestais do passado e do passado recente terem privilegiado, em âmbito mundial, uma das funções das florestas – a de produção – hoje elas buscam equilibrar o conjunto destas.
O eminente cientista florestal Walter Bitterlich apresentou em 1961 um esquema das funções utilitárias das florestas, sistematizando-as em cinco grupos: 1) produtos florestais; 2) produtos secundários; 3) utilidade das florestas para o regime das águas; 4) funções protetoras das florestas; e 5) outros efeitos diretos e indiretos das florestas. Numa síntese atual, a categorização quíntupla de Bitterlich pode ser sistematizada em três: produção (ou econômica), proteção (ou ambiental) e sociocultural. Essas são as funções das florestas que a legislação de um país busca garantir – e, não sendo tendenciosa -, de forma equilibrada. A Engenharia Florestal debruça-se, assecuratoriamente, no campo científico e tecnológico, em torno dessas três funções, objetivando produzir bens e serviços de natureza florestal para as gerações presentes e futuras. No transcurso da sua ação, integra a sua base de conhecimento ao de outros ramos da ciência, harmonizando-se ao labor de outras profissões!

12 comentários:

  1. Conhece meu blog? http://saudacoesflorestais.blogspot.com

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  2. Professor querido maravilhoso seu texto!Adoreiiiiiii

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  3. Muito Bom o texto!!
    A comunidade florestal do nordeste (Universidade Federal de Campina Grande - Patos - PB) Agradeçe!


    Forte Abraço!!

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  4. Continuo aprendendo com o professor Atimatéa. José de Arimatéa foi o guardião do santo graal de cristo e parece que todos que carregam este nome acabam recebendo aos seus cuidados um certo graal.

    Em síntese devemos destacar o benefício das florestas no século 21, sem esqueçer que o desenvolvimento do mundo antigo e moderno foi alicerçado sobre o consumo de produtos florestais. A Europa possui menos de 0,3 % de cobertura florestal original em seu território, resumidas a algumas pequenas áreas na Polônia e menores ainda em outros países. E que florestas eram... sob o ponto de vista de estrutura e beleza cênica eram incríveis...

    O desafio da humanidade é calcar o desenvolvimento na convivência com as florestas, sem consumí-las indeliberadamente. Produtos florestais madeireiros e não madeireiros serão cada vez mais demandados pelas populações humanas. Florestas são abrigo de fauna e outros seres vivos importantes para a biodiversidade e equilíbrio ecológico o que faz da preservação dos ambientes florestais uma ação bondosa, humana e evoluída sob o aspecto social e até mesmo espiritual.

    Por muitos anos as Instituições de pesquisa do Brasil se omitiram em produzir informações sobre silvicultura e manejo de espécies florestais nativas. Creio que este seja o grande desafio: conhecer cientificamente o potencial das espécies florestais para os diversos fins (econômicos, ambientais e socioculturais).

    Embrapa, Universidades, Institutos Federais de Educação devem unir esforços no sentido de resgatar o conhecimento empírico e produzir novas informações sobre as florestas, assim como fizeram para os alimentos em geral.

    Um abraço!

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  5. Orgulho de ser Engenheiro Florestal!
    Muito bom professor, ótimo texto!

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  6. Nossa, muito bom, bem intelectual!!!

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  7. Como sempre, iluminando a gente.
    As vezes, em meio a todo o caos, precisamos que um grande mestre nos mostre mais uma vez a beleza da profissão que escolhemos.
    Obrigada, Ari.

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  8. orgulho de ter sido aluna desse mestre!! que vive... conhece... sabe e compartilha!

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  9. Parabéns Prof. Arimatea pelo excelente texto.

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  10. Excelente o texto! precisamos mesmo conscientizar a população mundial da importância das florestas e do engenheiro florestal para a manutenção e desenvolvimento das mesmas!

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